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13 maio 2019

Nota sobre o lançamento do site no 13 de maio

O dia 13 de maio marca a principal inflexão do sistema econômico da história brasileira: a mudança do modelo de exploração escravocrata para o de exploração do trabalho assalariado. Tal mudança foi arrancada por séculos de resistência negra e indígena na forma de fuga dos escravos, formações e resistências de territórios de autogoverno quilombola e indígena, abolicionismo radical, justiçamento de senhores e queima de plantações e fazendas. Esses elementos mexiam com o medo das elites brasileiras da repetição de um processo como da revolução haitiana e foram o fator determinante para o fim da centralidade do modelo escravocrata no Brasil.

Um certo materialismo histórico de pensamento preguiçoso, dogmático e, no limite, carente de independência de classe, tende a olhar a história da luta de classes brasileira como iniciada junto à difusão da exploração do trabalho livre, portanto, tendo apenas pouco mais de um século. Não por acaso essa visão é marcada pela indisposição racista em lidar com as questões raciais e a incapacidade estrutural de avançar em processos de negação radical na nossa realidade.

Ilustração por Laís Barbero

No Brasil, as principais experiências de autogoverno e ruptura com a ordem dominante foram dadas pela negação da exploração feita pelos quilombolas e indígenas. O maior erro daqueles que se pretendem revolucionários é ignorar esse legado de experiências de autonomia radical, de enfrentamento armado constante ao Estado genocida e da negação do Estado e do capital em experiências vivas de autoconstrução de territórios de autogoverno.

O legado da escravidão ainda é fator central da luta de classes no Brasil determinando o racismo estrutural, as extremas desigualdades que dificultam a união da nossa classe, o Estado policial judiciário genocida que nos extermina e os mecanismo de superexploração do trabalho que marcam o nosso capitalismo. 

Entendemos que as consequências do modelo escravocrata ainda são centrais na definição da dinâmica de nossa resistência. Por isso, lançamos, nesse 13 de maio de 2019, mais um passo na luta pela abolição contra a exploração dos nossos povos.

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