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27 jun 2019

Protesto na Av. Faria Lima em memória ao massacre em Manaus

No dia 26.07.2019 foi realizado um ato fúnebre em memórias aos 55 presos mortos dentro dos presídios em Manaus. A manifestação ocorreu em São Paulo, na Avenida Faria Lima, conhecida por sediar grandes empresas e pelo seu luxo ostensivo, no número 4221, que abriga o arranha-céu em que esta a sede da Umanizzare, empresa que consegue bancar esse luxuoso edifício obtendo lucros milionários encerrando presos em condições extremamente degradantes de tortura cotidiana, gerando com essa situação dois grandes massacres nos últimos anos, em 2017 e agora em 2019.

Os manifestantes convocados pela Frente Estadual pelo Desencarceramento de São Paulo realizaram o ato para trazer visibilidade a situação dos presídios e lutar contra a mercantilização dos presos, que faz com que empresas como a Umanizzare consigam ter lucros milionários com prisões onde se prática a tortura e se provoca a morte cotidianamente. Nesse sentido, a frente segue em campanha contra a privatização dos presídios e pelo fim do cárcere. A seguir a nota para imprensa dos organizadores do ato com denuncias em solidariedade aos familiares:

“Hoje, 1 mês após o massacre no Compaj, Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM1) na região de Manaus, em que foram mortos, no mínimo, 55 presos, a Frente Estadual pelo Desencarceramento de São Paulo está aqui, em frente à Umanizzare – empresa que administra o complexo prisional – em protesto na forma de luto. Movimentos sociais e organizações – nacionais e internacionais – há muito anunciam as condições subumanas que presos e presas são submetidos, em todos os estabelecimentos prisionais do país. Falando de Manaus, um massacre com pelo menos 56 mortos também ocorreu, no mesmo complexo, em 2017. O Estado e a Umanizzare pouco fizeram depois desse episódio e, como consequência desta escolha deles, um novo massacre aconteceu em 2019.
Estado e Umanizzare afirmam que esses massacres acontecem em decorrência da briga de facções e, assim, se isentam de culpa, mas nós estamos aqui para dizer: eles são os autores desses episódios. A situação das unidades do Amazonas é conhecida pelas condições inumanas de vida. Essas unidades são uma panela de pressão, são fábricas de torturas que produzem episódios recorrentes de mortes.
Após o massacre deste ano, os presos do Compaj enfrentam um tratamento igual ou ainda pior do que recebiam antes do massacre: as refeições estão sendo distribuídas apenas 2 vezes por dia, a água está sendo disponibilizada por apenas 10 a 20 minutos por dia, a superlotação – chegando a 60 presos por cela – continua, as agressões dos agentes são diárias – com uso de spray de pimenta e cassetetes. Na UPP, nos dias 17 e 18 de junho, os presos ficaram dois dias inteiros sem receber comida, no Compaj alguns presos são obrigados a dividir máquinas de barbear com presos soropositivo. A superlotação é tanta que nas unidades, presos doentes, com doenças contagiosas, não têm espaço de isolamento e se encontram no convívio comum.
Voltamos a lembrar: tudo isso já acontecia antes do massacre do mês passado e continua acontecendo. Tais condições criam o ambiente de dor, morte e sofrimento e, como o Estado e as empresas não fazem nada para mudar, nos encontramos mais uma vez na iminência de uma nova tragédia – mais que anunciada e que alertamos aqui, hoje.
Esses episódios acontecem por escolha política do Estado em conluio com as empresas, que optam por manter a realidade desumana das cadeias, a situação precária, o total descaso e são coniventes, quando não agentes diretos de torturas.
Os presos, na sua maioria pobres, indígenas e negros, são tratados como vidas sem valor, corpos descartáveis. E agora, diante da privatização, além disso tudo, são tratados como mercadoria. A consequência inevitável disso são os corpos mortos, vítimas diárias do sistema penal, e casos como os massacres de 2017 e 2019 em Manaus. O Estado e a Umanizzare – aqui representante de todas as empresas que transformam a gestão prisional em lucro – são protagonistas dessas mortes.
A polícia mata, o encarceramento mata, a privatização mata.
Não queremos perder mais vidas! Não vamos perder mais vidas!
Por um mundo sem cárceres! Pelo fim das prisões! “

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