Peguei o vírus…
Na rua, sozinho, com frio e com fome…
Peguei o Vírus…
Neurótico em casa, sem saber se come…
Peguei o Vírus…
Desalentado, desempregado, desfacelado..
Peguei o Vírus…
Mãe, o que vamos comer hoje ?
Peguei o Vírus…
Despejados ? Como assim ? Eu não posso pagar!
Peguei o Vírus…
4 meses sem salário ? como vou viver ?
Peguei o Vírus…
O governo Libera 80 bilhões para a recuperação de grandes empresas…
Peguei o Vírus…
Isso aí é só uma gripezinha, volte ao trabalho!
Peguei o Vírus…
O Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil mortes…
Peguei o Vírus…
A Polícia armada 24 horas na rua garantindo a sua segurança viral!
Peguei o Vírus…
É do vírus que eu falo…
Não desse que se tanto vê nas mídias
Mas o vírus social
Espalhado aos espirros pela parasitária gripe da nobreza artificial
A que nos asfixia em nome do lucro sem igual
Os que comem nossa carne, moem nosso tempo e consomem nossa mente
Os que ostentam na cabeça a coroa de ouro indecente
Os que exploram nossa saúde em nome de um progresso crescente
Foi nessa pandemia que peguei vírus da convulsão social
E já que de uma forma ou de outra vamos usar máscaras
Que seja numa greve geral
Arrancando as coroas e os títulos de grande propriedade rural
Afinal,
A vacina que tanto procuramos
É senão
A morte do capital.
Por Kaique Menezes, militante do Quilombo Invisível, morador do extremo sul de SP, estudante de Geografia e nas horas vagas poeta marginal.
0 Comentário
Muito bom