
Enquanto você dizia: “fique em casa”, eu dizia: “fique em casa, pois trabalharemos por você”.
Mas, na verdade, o que eu sentia era medo e insegurança.
Você insistia: “fique em casa” – seu armário estava cheio, a sua cama quentinha e a Netflix servida de novidades.
Eu estava em Pânico, como milhares dos brasileiros que também gostariam de ter o privilégio de ficar em casa, mas éramos chamados de “heróis na linha de frente”. Sabe qual Frente era essa? A Frente Genocída que diz que o trabalhador só é digno enquanto tiver cumprindo seu papel, ou seja, indo trabalhar. Pois se aderirmos ao “Fique em Casa”, logo levamos os títulos de “preguiçosos”. Não somos dignos de participar do isolamento e proteger nossa saúde e a nossa vida.
Afinal, fico em casa ou vou para linha de frente? Nos dois lugares sou alvo. O alvo preto e periférico, que não pode parar, pois se na sua casa ficar a necropolítica vai te encontrar. Nenhum lugar é seguro. Onde devo ficar?
Flávia Rodrigues Groto. Estudante de Ciências Humanas na faculdade SESI de Educação. Técnica em Serviços Públicos Colaboradora da rede proteção e resistência contra o genocídio. E ativista na periferias de Osasco .
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