Sem título
Posso escutar os gritos
Dos meus ancestrais
Sendo chicoteados
Por um branco sem coração
Que diz que
Preto não é gente
Sinto a dor nas costas do açoite
Que me machucam
Ouço os gritos dos meus irmãos
Pedindo misericórdia
Sinto a dor
De perder o corpo
Para um homem branco
Que acha que me domina
Sinto a raiva de Zumbi
Ao ver seus irmãos sofrerem
Sinto Dandara dentro de mim
Gritando por luta
E ao mesmo tempo
Seu corpo sendo jogado
Na ribanceira
(27/09/18)
Mais um na multidão
Socorro! Ouvi os gritos
De uma mãe em desespero
Ao ver o seu filho
Jogado na escadaria
Seus gritos são altos
Cheios de dor
Mas não são capazes
De ressuscitar o filho
Assinado pela polícia
Dizem que ela era
Um traficante
E mais umas coisa aí
Mas cê tá ligado,
Que preto favelado
Andando na rua
Não precisa de razão para morrer
Assim o estado faz
Mata e depois vai
Procurar o motivo
(27/09/18)
Gloria Stefanie, uma jovem preta de 18 anos, filha de uma mãe solo maravilhosa. Originária da Bahia mas residente de São Paulo desde os 4. Uma estudante na caminhada à Universidade com pretensões em Medicina. Autora de textos para a compreensão de mundo de maneira individual e também coletiva, assim, através das palavras luto por liberdade.
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