

Poema e arte por Moni Bardot – 23 anos, mulher preta e periférica, moradora do bairro Jaçanã/ZN. É artista de rua, atriz, poetisa e pintora. Faz parte de dois coletivos de teatro, cujo nome Bando Jaçanã e Coletiva Luz 14Horas.
Intervenção gráfica por Emily Barbosa – Moradora da Vila Formosa, Zona leste de São Paulo, Feminista interseccional, desenvolvedora web, estudante de relações internacionais e militante do coletivo quilombo invisível. “ A interseccionalidade do mundo é o que me move e o que me faz construir de forma ativa”.
faz frio lá fora
e aqui dentro parece nevar
ao que tudo indica estamos no Brasil e são exatos 3h da manhã
queimei o dedo fumando cigarro barato
hoje senti a tal da velha infância,
aquela que passa despercebida
mas que quando passa é notada a falta
não entendo porque escrevo o que penso…
enfim, a lua mais uma vez apareceu
e como sempre misteriosa..
pode parecer idiotice, mas eu a sinto
vagarosamente ela me segue,
num jogo bruto
de observar
.
.
cheguei na casa dos meus pais,
como um leão tomado pela fome
comi
cara, sempre que sinto fome
emano vibrações pra minha mãe
mentalizo..arroz, feijão,
repolho ou chuchu
e quem sabe até batata frita,
sei lá, mas parece que ela adivinha
.
.
furei a quarentena e não me sinto mal,
mesmo sabendo que me coloco e coloco os outros em risco,
senti do fundo de mim que precisava sair,
o egoísmo me venceu
minha mente anda tão fodida
“parece que o céu vai desabar sobre mim”
andei falando coisas que não devo,
normalmente é sobre amor
não entendo, por que eu ainda insisto?
às vezes falta respeito da minha parte
por parte minha
falta
respeito
falta
respeitar
o meu eu
.
.
que saco!
são só bobagens,
são só bobagens não ditas
.
.
às vezes sinto medo
um medo bobo,
um medo careta,
um medo juvenil,
um medo covarde
medo do que sou capaz
.
.
são exatos 3h33
estou sem sono, mas com a mente cheia de palavras
turvas
muitas eu não sei o significado
vou dar um GOOGLE
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