Vidas negras importam, mas estamos morrendo.
De coronavirus.
De fome.
De bala.
De tristeza.
Estamos sendo assassinados e o Estado não é conivente, é o próprio agente da nossa morte.
Os antigos sabiam e Conceição já falava
“A morte veio lavrada no porão dos navios negreiros”
Tumbeiros flutuantes
Porões cheios de corpos negros
Gente com nome e família
Em outros tempos poderia ser a sua, poderia ser a minha
Século XXI é só tormento
A cada 23 minutos mais um sofrimento
Os navios agora chegam blindados, reconhecidos pelo cheiro da morte
Qual a próxima chacina que será também esquecida
A não ser pelas mães das vítimas do Estado GENOCIDA
A PM não é despreparada, como tantos ainda insistem. Nosso luto é seu modus operandi. Enquanto uma mãe negra chora outra mãe negra morre. E nós cantamos: “venceremos!”
Mas hastag nunca salvou ninguém por aqui.
Despreparada o quê
Quantos mais tem que morrer
Pra você entender
Que nossa segurança não virá de quem está no poder
Vai, canta que favela venceu
Enquanto isso o corpo estirado no asfalto é parecido com o meu
Vai, canta aí que favela venceu
Mas o corpo de Amarildo ainda hoje não apareceu
Todo mundo sabe quem matou Cláudia, Luana e Kathlen
Mas cantamos: “venceremos!”
O que não nos contaram é que o prêmio, muitas vezes, é um velório de caixão fechado.
Arte: @akubista_
Texto: @messiaspe
Via literanegra
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