Essa entrevista faz parte do livro Fala Carolinas! Mulheres na luta por vida e dignidade, uma poderosa reunião de entrevistas, ensaios e poemas de mulheres negras, indígenas e periféricas que protagonizam e narram a luta de movimentos por moradia, transporte, cultura, LGBTQI+, contra o cárcere, curandeiras, parteiras, educadoras, e na resistência das comunidades indígenas no Chile.
São 8 dias que não durmo direito, 8 dias que me alimento de macarrão e salsicha em pelo menos uma das refeições, 8 dias sendo mãe, irmã, amiga de jovens que resolveram sair do conforto de suas casas para manifestar sua insatisfação contra o sistema de educação e as medidas do governador de piorar cada dia mais.
Muitos desses jovens nem me conheciam, apenas de vista, talvez, e hoje, oito dias depois do “motim”, eu já desenvolvi um amor, respeito e admiração por cada um deles. Não estão brincando de acampamento e nem matando aula ou fazendo bagunça, baderna, balbúrdia… Estão mostrando a capacidade da juventude de lutar por uma mesma causa: A Educação.
As histórias mais incríveis, assustadoras e complexas eu ouvi, cada aluno ou aluna é um universo particular, essa experiência está me marcando profundamente a cada relato, a cada refeição juntos, a cada “festa” antes de dormir.
Quero muito que essa vivência extrapole e alcance os objetivos traçados inicialmente. Quero muito que possamos realmente pôr o sistema de educação na mesa e discutir profundamente o que fazer para as coisas mudarem.
Quero que todos os alunos aqui ajudem a construir uma escola mais acolhedora, que os acolha e não que os julguem. Quero que a escola ensine o que eles querem aprender e não o que o mercado exige.
11/12/2015 – Ocupa Pedrão
Por Bruna Pucci, 34 anos, moradora do bairro Vila Albertina da Zona Norte de São Paulo. Professora de Arte da Escola Dr. Pedro de Moraes Victor e do Cursinho Popular da ocupação Casa Cultural Hip Hop Jaçanã. Também é grafiteira amadora e bailarina.
Memórias da ocupação por Luana Xavier
Me chamo Luana Xavier, tenho 21 anos, sou estudante e fotógrafa, participei das ocupações de 2015, foi uma experiência maluca, mas contribuiu e muito para minha visão de sociedade. Me lembro de ter ficado bem apreensiva quando a possibilidade surgiu, mas ainda assim me comprometi a ajudar. Foram poucos dias, porém bastante intensos, enfrentando muita pressão de todos os lados. Nesse período limpamos a escola e reorganizamos alguns espaços e também promovemos eventos para a comunidade como cinema e apresentações culturais, tentamos aproximar a escola da comunidade já que deveria pertencer a mesma Nesse período também nos mantínhamos conectados com outras escolas ocupadas, sempre enviávamos pelo menos dois representantes da nossa escola às reuniões do movimento.
Neste tempos também nos divertíamos muito, ainda assim mantínhamos um clima leve na maior parte do tempo, como as conversas à noite, como improvisávamos a comida, como conseguíamos doações da comunidade, as brincadeiras de todos ali e as relações que construí vou levar pra vida e são as minhas grandes memórias douradas. Tenho certeza que essa experiência foi positiva a todos que participaram de alguma forma porque sempre tivemos muito claro o motivo de estarmos lutando ali e o quão importante isso era para nós, alunos da ocupação no Pedrão.
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