Em Junho de 2021, o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), depois de inúmeras tentativas frustradas de diálogo com o governo federal sobre os preços dos combustíveis, decidiu mobilizar uma greve nacional por tempo indeterminado para o dia 25 de Julho, dia de São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas.
A principal pauta da greve é a derrubada da Política de Preços de Paridade de Importação – PPI, que é a grande responsável pelos constantes aumentos dos combustíveis porque essa política de preços prioriza a venda do petróleo brasileiro para o mercado internacional, em dólar. A greve também reivindica o respeito efetivo à tabela de preços mínimos do frete.
Dias após a decisão pela Greve, o presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, convocou uma reunião com entidades da categoria, na tentativa de frear a mobilização dos caminhoneiros autônomos. Da reunião nada saiu e logo em seguida, a Petrobras aumentou os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, atropelando as reclamações dos caminhoneiros autônomos.
Com isso, os caminhoneiros seguiram na tarefa de mobilização contra os aumentos dos combustíveis e entenderam que com o governo federal e com a direção da Petrobras não existe diálogo para acordos em prol dos caminhoneiros autônomos.
Algumas “lideranças” e entidades dos caminhoneiros não aderiram à greve. Com posicionamentos que se afastam da realidade dos motoristas, entidades como a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA) e o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado (SINDICAM), afirmaram não apoiar a greve dos caminhoneiros, porque não é o momento. No Brasil, já temos informações tristes que uma multidão de trabalhadores se aglomeram nos fundos dos supermercados para pegarem os restos e conseguirem saciar a fome. Além disso, vemos também muitos trabalhadores fazendo filas gigantescas nas portas dos açougues para conseguirem comprar ossos e restos de carne para comer! Se tem um momento em que essa greve é necessária é agora!
Wallace Landim, o Chorão, em nome da ABRAVA afirmou que não vai apoiar a greve dos caminhoneiros porque busca uma mobilização maior. Em nota, a entidade escreveu: “consideramos justa a ação da categoria dos caminhoneiros autônomos nessa paralisação. No entanto, a ABRAVA não participará dessa paralisação, por considerar que toda a sociedade, e não só os caminhoneiros, precisam compreender a necessidade de um ajuste social, principalmente sobre a alta do preço dos combustíveis, que muito encarece o frete, bem como o produto que chega na casa do consumidor.”
Porém, a greve dos caminhoneiros autônomos ao reivindicar a derrubada da PPI, gera um efeito cascata, impulsionando a sociedade a participar das mobilizações pela redução dos preços dos combustíveis e dos produtos. Outro posicionamento individual e sem opiniões dos caminhoneiros autônomos. Já é a segunda vez que Chorão se posiciona contra a greve e ajuda a desmobilizar.
Apesar da categoria estar fortemente dividida, no domingo tivemos noticias de que aconteceram paralisações e protestos de caminhoneiros em 15 Estados. A greve chega hoje ao seu terceiro dia, com ações importantes como a paralisação da BR 116 no Ceará e no Porto de Santos em São Paulo.
É preciso deixar claro que repudiamos a ação do governo federal, Jair Bolsonaro, que enviou a Polícia Rodoviária Federal para reprimir a greve, impedir o travamento de avenidas e rodovias com intimidações armadas e realizando multas pesadas.
O preço do diesel atingiu o valor mais alto do ano! Esse aumento constante provocado pela Política de Preços de Paridade de Importação, causa o aumento de preços em toda a cadeia produtiva, alastrando a fome e prejudicando toda a sociedade.
É preciso que nos organizemos para construir um movimento grevista capaz de recuperar nossa dignidade, também precisamos tirar nossa luta do isolamento e construir a unidade necessária para conquistarmos a vitória!
Por Jornal Cavalo Doido.
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