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20 dez 2023

Maceió afunda: o desastre anunciado feito pela Braskem

No dia 10/12, houve uma ruptura na mina 18 da empresa Braskem na lagoa Mundaú, provocando a evacuação de famílias que vivem  em Macéio no bairro do Mutange. Desde 2018 foram evacuadas mais de 60 mil pessoas , que foram forçadas a deixar suas casas devido ao risco de desabamento. 

Este, que é considerado o maior crime ambiental em área urbana em curso hoje no Brasil, era um desastre anunciado desde o início do empreendimento mineiro, na década de 80, em plena ditadura militar, a população de Maceió já protestava contra a inauguração da mina de sal gema devido aos grandes danos humanos e ambientais que ela traria, e efetivamente, trouxe.

Charge do jornalista Ênio Lins na Tribuna Hoje em 1985

Em 2019, devido ao afundamento do solo, o bairro do Mutange foi esvaziado e o bairro do Flexais ficou complementamente ilhado, sem acesso a comércios e serviços, cercado por um bairro vazio de pessoas, um bairro tornado fantasma em uma cidade que afunda devido ao extrativismo, protestos foram realizados para que mais áreas recebam indenização.

A exploração da Braskem em Alagoas do período da ditadura militar aos dias atuais, é responsável por uma verdadeira devastação social, o esvaziamento de bairros ocasionou impactos profundos nos antigos residentes, imenso prejuízo econômico, destruição dos laços sociais que essas pessoas construíram em suas histórias de vida, com consequente adoecimento psicológico dessas populações expulsas repentinamente de seus lares.

Essea impactos se fazem sentir mesmo na cidade de São Paulo, que conta com expressiva população migrante de Alagoas, como é cantada na popular música Carcará, 17% da população alagoana migrou na crise durante a ditadura militar na década de 80  e a realidade da migração é ainda hoje forte entre os que nasceram no Estado, de modo que bairros do extremo leste da capital paulistana, marcados pela racialização e a discriminação, como Jd. Helian e São Mateus possuem parcelas expressivas de sua população formada por migrantes de origem alagoana. 

Neste sentido foi produzida a obra “Macéio é massa” da artista alagoana @Lysllane, mãe e moradora do extremo leste de SP, ela sentiu entre seus próximos o impacto do desastre ambiental causado pela Braskem em Maceió, o que inspirou que ela produzisse esta arte de protesto: 

Por @Lysllane. Técnica: stencil/Graffiti.

Data: 10/12/2023.

A obra foi realizada na mesma data em que às 13:15h a mina 18 da Braskem sofreu um rompimento, no trecho da Lagoa Mundaú, bairro do Mutange. A arte faz uma releitura do brasão da cidade de Macéio, impactada pelo desastre ambiental, que degrada a rica fauna da lagoa do Mutange e o território em torno, antes fonte de renda para os pescadores do Sururu e outras iguarias típicas da região. 

Convocando a quebrada em solidariedade a luta pela responsabilização da Braskem, que destruiu a paisagem, criando um ambiente hostil para seres humanos e não-humanos. Uma luta que congrega as lutas por direito ao território, a própria história, a vida humana, animal e vegetal, ao meio ambiente e a moradia. 

2 Comentários

  • Quitéria Macario da Silva Santos disse:

    É uma triste realidade!A nossa capital Maceió está em uma situação bem difícil ????.

  • Edson Pardinho disse:

    Uma msg direta e impactante, parabéns ????????

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