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Quem Somos

Linha editorial (o que queremos)  1 – O site Quilombo invisível é um espaço de debate aberto para quem quiser enviar textos que tenham acordo com nossos princípios: i. independência de Classe, ii. radicalmente anticapitalista, anti imperialista, anti racista e anti cispatriarcal ; iii. solidariedade e internacionalismo. Recebemos contribuições pelo email: quilomboinvisivel@protonmail.com 

O que é o quilombo invisível?

A palavra quilombo dá nome a muitas coisas, mas, sobretudo, a um território auto construído peles escraves que fugiam da exploração e da opressão, um lugar desenhado por negres fugides, seus filhes e outres libertes. Os quilombos se configuraram como espaços de autogoverno e, durante centenas de anos, foram as principais experiências de negação radical da ordem colonial. Eles também cumpriam o papel de base militar e de autodefesa des escraves, que tinham que estar sempre preparades para resistir ou, quando impossível se defender, fugir dos escravocratas. Era um espaço que unia mocambos de diferentes famílias, integrando uma multiplicidade de lideranças, referências e etnias. Ele acolhia escraves (negres ou indígenas) fugides para curar as feridas que a brutalidade da exploração e da opressão provocavam, permitindo cuidar e ser cuidades (lição que os movimentos feministas vem recuperando em práticas radicais). Era um espaço de auto-valorização que permitia a recomposição das formas de expressão desejadas,que a exploração racista e o cispatriarcado colonial tolhiam.

Aqui não se trata de idealizar os antigos quilombos, mas de trazer os aprendizados dessa experiência de luta para os enfrentamentos atuais em relação à exploração, opressão e resistência que constituem o cotidiano invisível da luta de classes e da guerra social. Somos invisíveis porque somos es filhes dessa mestiçagem afro-indígena oprimida, subalternizada e espoliada pelo capital. Somos trabalhadories e militantes invisibilizades inclusive pelas esquerdas, porque priorizamos as lutas que ao olho hegemônico pareceriam invisíveis, como as que abarcam es negres, indígenas, afro-indígenas e desobedientes de gênero – que são, ainda hoje, a massa super explorada de perifériques, desempregades, sem teto, empregadas domésticas, terceirizades, precarizades, trabalhadories do sexo, encarcerades, exterminades, etc. Invisíveis também, pois nossas formas de resistência são ocultas: a revolta latente que se espalha e se constrói diariamente em ações invisíveis, nos momentos diários da reprodução da vida e do trabalho que constituem o grosso da luta de classes. Somos invisíveis, pois entendemos que nossa luta não pode ser meramente propagandística e espetacular, nem voltada para autoconstrução e a promoção de nossas figuras individuais.

O site Quilombo Invisível é um espaço de debate e de fortalecimento de nossas lutas cotidianas. Acreditamos que o debate de ideias produzidas pelos de baixo, peles trabalhadores, indígenas, mulheres, pessoas trans, operáries, negres etc., são necessários ao avanço e fortalecimento das lutas, para seguir, de forma coerente, a perspectiva de que a libertação des de baixo será obra des de baixo. Portanto, a formulação não pode continuar a ser exclusivamente atada a espaços da classe burguesa ou pequeno-burguesa, atrelados ao Estado, a burocracias partidárias e sindicais ou a intelectuais profissionais. Entendemos também que a arte e a literatura são formas de sistematização não reconhecidas como conhecimento ou ciência, mas que atravessam a elaboração des de baixo tanto para resistir quanto para atacar e, por isso, este também é um espaço de visibilização e valorização dessa produção.

A página Quilombo Invisível foi pensada para publicar textos de autories diverses, não necessariamente em acordo total com nossos posicionamentos, mas com quem tenhamos alguns acordos mínimos que permitam o diálogo. Além disso, publicaremos nossos posicionamentos tanto como coletivo quanto como indivíduos, baseados na nossa experiência como militantes.

Entendemos que não pode haver uma perspectiva revolucionária de fato que não seja internacionalista e por isso fazemos o esforço de traduzir nossos textos, na medida do possível, para o inglês, como forma de articular algumas lutas do Brasil com as lutas de outros países. Entendemos que algumas de nossas principais preocupações, como a relação da opressão racial, étnica e de gênero com a luta de classes, são temas centrais também desenvolvidos na resistência e organização da luta em territórios que utilizam a língua inglesa como Estados Unidos, Índia, África do Sul etc. Acreditamos que a articulação entre lutas desses lugares é uma necessidade.

Entendemos que há muitas colaborações importantes para que avancemos no ainda pobre debate sobre os movimentos que, desde uma perspectiva de classe, entrelaçam seu olhar às lutas racial e de gênero. Por isso, nos interessa fomentar a tradução de textos com essa temática e, assim, difundir esse conhecimento. Acreditamos que esses textos trazem aprendizados muito importantes para o avanço das lutas e temos o privilégio de aprender com as experiências das revoluções de libertação nacional no continente africano, com as experiências de greve geral de trabalhadores informais ou a heróica resistência das mulheres na Índia, assim como da Revolução Curda, da experiência de pessoas trans-travestis contra a violência de gênero encarnada nas violências jurídico-policiais e na patologização, e da experiência do movimento negro e do Partido dos Panteras Negras estadunidense.

Assim, o site está estruturado com as seguintes sessões temáticas:

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