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31 maio 2019

Anseios e Ancestralidades

Poemas do zine Anseios e Ancestralidades de Mateus (Santos Drummond) lançado em maio de 2019.

A verdade é que a escravidão não acabô
e você não entende o motivo
do nosso choro.
Enquanto os candomblecistas
fizeram justiça com o machado de Xangô
Vocês confundiram justiça
com o martelo de Sergio Moro

Bolsonaro: Se os seus heróis
Andam armados e vestem fardas
Meus heróis usam capa e
além de capa, eles têm várias páginas.

No meio do caminho havia uma pedra
Ela se chamava masculinidade:
Às vezes eu chuto ela, as vezes ela me chuta,
Às vezes eu chuto ela, as vezes ela me chuta.
E no final dessa pancadaria,
eu sempre sou o único que sai machucado.

Nunca tive tempo pra escrever besteira
A caneta é um berimbau
e minha cultura africanista.
E minha poesia é uma roda de capoeira:
Criada pra se defender de racista!

Estrategicamente
me escondo da estrutura
que faz minha estética
ser motivo pra virar estatística.
Confesso que esse processo tem
Me causado cansaço.
A vida
não é um fórmula de física
mas,
às vezes,
Tudo é uma questão de tempo e espaço.

A polícia é uma nuvem gigante
que faz chover bala em gente preta.
Deve ser por isso que confundiram
um guarda chuva com um fuzil…

Por Matheus (Santos Drummond) – tenho 20 anos de idade e sou poeta slammer e atuo politicamente com a literatura periférica desde 2016 em saraus e slams. Para mim a poesia é uma das formas artísticas que mais tem potencial de transformação e cultura para nós, periféricos, da classe trabalhadora.

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