
Essa entrevista faz parte do livro Fala Carolinas! Mulheres na luta por vida e dignidade, uma poderosa reunião de entrevistas, ensaios e poemas de mulheres negras, indígenas e periféricas que protagonizam e narram a luta de movimentos por moradia, transporte, cultura, LGBTQI+, contra o cárcere, curandeiras, parteiras, educadoras, e na resistência das comunidades indígenas no Chile.
Newentuli pu Zomo Inkapelu ñi Mapu
Mulheres Mapuches em Resistência Defendendo sua Terra

Através da história das mulheres indígenas protagonizamos uma participação ativa nos diferentes movimentos de resistência que existiram pela defesa dos nossos direitos coletivos tanto como individuais, entretanto, nossa particIpação foi invibilizada por diferentes motivos, em consequência, a história oficial sempre foi escrita pelos vencedores que são homens e não indígenas.
Sabemos bem que somos mulheres indígenas com identidade própria, somos filhas da mãe terra, cada uma de nós leva os espíritos de, gen Mapu, serras, rios, montanhas, lagos e mais somos parte e ao mesmo tempo conformamos uma unidade com nossa Ñuke Mapu (mãe terra), sua sobrevivência é nossa sobrevivência, portanto, a luta, a resistência e a defesa dos territórios, tanto urbanos como rurais, é a essência do nosso ser, e desde este olhar, queremos mudar tudo isso e contribuir para refundar esse país.
Hoje no Chile, logo com a quebra do sistema capitalista neoliberal que nos oprime, temos a oportunidade de refundar sobre nossa própria lógica,pensamentos, concepções e conhecimentos, de mulheres de povos originários, um melhor país, e de auxiliar na criação de uma nova constituição que levante os pilares de uma sociedade mais justa, que represente as diversidade próprias deste território, reparando os abusos históricos cometidos contra os povos originários, das mulheres e de todos grupos excluídos.
Atualmente as políticas públicas não reconhecem os povos originários no marco constitucional, se não unicamente em um marco cultural-histórico com uma perspectiva colonizadora gerando assim uma perda histórica para o povo mapuche que antecede ao estado do Chile por mais de 13.000 anos.
Enquanto as políticas específicas para as mulheres no Chile, que conta com o Ministério para a Mulher e Equidade de Gênero para o desenho e execução destas, a mulher indígena está excluída porque não existe linha de trabalho para as mulheres destes povo (população indígena representa 12.8%).
É por isso nos posicionamos desde a reivindicação e a luta para a conservação da vida em comunidade e espaços urbanos dos quais fomos deslocados pela usurpação de nossos territórios, apresentaremos brevemente algumas das diferentes problemáticas existentes:
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Acabar com a usurpação territorial e permitir a autonomia e autodeterminação para reivindicar a tradição ancestral e levantar novas formas de habitar o território para o povo Mapuche. -
É necessário estabelecer direitos coletivos para o reconhecimento de cada uma das comunidades indígenas, que se consiga os espaços e tempos para desenvolver os distintos processos de reivindicação para mudanças estruturais em relação a os aspectos formativos e significativos sobre a educação dos povos originários. -
Deter a emigração indígena por falta de oportunidades e trabalho, que obriga as gerações mais jovens a decidir por bem material e econômico em contraposição dos trabalhos realizados em suas comunidades. -
Erradicação de práticas patriarcais existentes nas comunidades contra a integridade feminina. E a desnaturalização da função originário que tem a mulher mapuche, derrubar a estrutura colonizadora que atenta contra a tradição e cosmovisão Mapuche já que promove a desigualdade e a reiterada violação dos direitos sobre os elementos de dominação do gênero masculino, sobre o feminino. -
Legitimação da propriedade intelectual dos povos originários: conhecimentos dos sistemas de conservação e manejo sustentável da biodiversidade, já que geram fontes de conhecimento para o desenvolvimento agrícola, alimentício, medicinal, de saúde mental, entre outros. -
Fortalecimento de uma economia local e comunitária, sem extrativismo agrícola que reduz a possibilidade de melhorar a qualidade e conservação de alimentos para o consumo local. -
Autovalorização e reconhecimento desde a como visão Mapuche e sua relação com a mãe terra como espírito ancestral e autêntico livre de todo dogma. Desvinculação de religiões predominantes (evangélicas, católica e cristians) na zona sul e a norte.
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Reconhecimento dos idiomas e dos povos originários através de sua oficialização no país, que seja idioma obrigatória nos espaços formativos de educação e em cada um dos territórios formativos da educação e em cada um dos territórios do Chile. Restabelecer a linguagem como uma forma de habituarnos e existir. -
Exigimos uma nova constituição através de uma assembleia constituinte plurinacional, na qual se declare uma nação plurinacional que inclua efetivamente a os povos originários deste território denominado Chile.
O anteriormente exposto nos impulsiona, como Rede de Mulheres Mapuches a buscar e reencontrar as estratégias de resistência que nossas papay (ancianas) utilizaram e atualmente utilizam para manutenção dos nossos saberes, a fim de fortalecer nosso kvme mogen (bom viver), em armonía com a natureza, e para ele tem especial relevância a recuperação do território usurpado para fazer justiça e reparação a nossas demandas históricas do povo Mapuche.
Español:
Newentuli pu Zomo Inkapelu ñi Mapu
Mujeres Mapuche en resistencia defendiendo su tierra

A traves de la historia las mujeres indigenas protagonizamos una participacion activa en los diferentes movimientos de resistencia que han existido por la defensa de nuestros derechos colectivos tanto como individuales, sin embargo, nuestro rol ha sido invisibilizado por diferentes motivos, en efecto, la historia oficial siempre ha sido escrita por los vencedores quienes son hombres y no indígenas.
Bien sabemos, que somos mujeres mapuche con identidad propia, somos hijas de la madre tierra, cada una de nosotras lleva los espíritus de, gen Mapu, cerro, ríos, montañas, lagos y más, somos parte y a la vez conformamos una unidad con nuestra Ñuke Mapu (madre tierra), su supervivencia es nuestra supervivencia, por ende, la lucha, la resistencia y la defensa de los territorios, tanto urbanos como rurales, es esencia de nuestro ser, y desde esta mirada, queremos cambiarlo todo y contribuir a refundar este país.
Hoy en Chile, luego del quiebre del sistema capitalista neoliberal que nos oprime, tenemos la oportunidad de refundar bajo nuestras propias lógicas, pensamientos, concepciones y conocimientos, de mujeres de pueblos originarios, un mejor país, y de aportar en la creación de una nueva Constitución que cimiente los pilares de una sociedad más justa, que represente las diversidades propias de este territorio, reparando los abusos históricos cometidos en contra de los pueblos originarios, de las mujeres y de todos los grupos excluidos.
Actualmente las políticas públicas no reconocen a los pueblos originarios en el marco constitucional, sino únicamente en un marco cultural-histórico con una perspectiva colonizada generando así una perdida histórica para el pueblo mapuche que antecede al estado de Chile por más de 13.000 años.
En cuanto a las politicas especificas hacia las mujeres en Chile, que cuenta con un Ministerio de la Mujer y la Equidad de Género para el diseño y ejecución de éstas, la mujer indígena está excluida porque no existe una linea de trabajo hacia las mujeres de éstos pueblos (la población indígena representa el 12.8%).
Es por esto que nos posicionamos desde la reivindicación y la lucha para la conservación de la vida en comunidad y espacios urbanos donde hemos sido desplazados por la usurpación de nuestros territorios, presentaremos brevemente algunas de las diferentes problemáticas existentes:
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Terminar con la usurpación territorial y permitir la autonomiá y autodeterminación para reivindicar la tradición ancestral y plantear nuevas formas de habitar el territorio para el pueblo Mapuche.
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Es necesario establecer derechos colectivos para el reconocimiento de cada una de las comunidades indígenas, que se generen los espacios y tiempos para desarrollar los distintos procesos de reivindicación para cambios estructurales en relación a los aspectos formativos y significativos sobre la educación de los pueblos originarios.
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Detener la emigración indígena por la falta de oportunidades y de trabajo, que obliga a las generaciones más jóvenes a decidir por un bien material y económico en contra posición de los trabajos realizados en sus comunidades.
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Erradicación de prácticas patriarcales existentes en las comunidades en contra de la integridad femenina y la desnaturalización del rol originario que tiene la mujer mapuche, derribar la estructura colonizadora que atenta con la tradición y cosmovisión Mapuche ya que promueve la desigualdad y la reiterada violación de derechos bajo los elementos de dominación del género masculino, por sobre el femenino.
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Legitimación de la propiedad intelectual de los pueblos originarios: conocimientos de los sistemas de conservación y manejo sostenible de la biodiversidad, ya que generan fuentes de conocimiento para el desarrollo agrícola, alimenticio, medicinal, salud metal, entre otros.
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Fortalecimiento de una economía local y comunitaria, sin extractivismo agrícola qué reduce la posibilidad de mejorar la calidad y conservación de alimentos para el consumo local.
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Autovaloración y reconocimiento desde la cosmovisión Mapuche y su relación con la madre tierra como espíritu ancestral y auténtica libre de todo dogma. Desvinculación de religiones predominantes (evangélica, católica y cristiana) en la zona sur y la zona norte.
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Reconocimiento de las lenguas de los pueblos originarios a través de su oficialización en el país, con ello sea lengua obligatoria en los espacios formativos de la educación y en cada uno de los territorios de Chile. Re-establecer el lenguaje como una forma habituarnos y existir. -
Exigimos una nueva Constitución a través de una asamblea Constituyente Plurinacional y Paritaria, donde se declare una nación plurinacional que incluya efectivamente a los pueblos originarios de este territorio denominado Chile.
Lo anteriormente expuesto nos impulsa, como Red de Mujeres Mapuche a buscar y reencontrar las estrategias de resistencia que nuestras papay (ancianas) utilizaron y actualmente utilizan para la mantención de nuestros saberes, a fin de fortalecer nuestro kvme mogen (buen vivir), en armonía con la naturaleza, y para ello tiene especial relevancia la recuperación del territorio usurpado para lograr justicia y reparación a nuestras demandas históricas del pueblo mapuche.
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